quarta-feira, 2 de agosto de 2017

| Dimensões da língua: variação e mudança |




De um número de códigos, regras gramaticais, palavras e sons finitos da língua, produzimos infinitas formas de enunciados . Calcula-se que o português do Brasil possua algo em torno de meio milhão de palavras e que a quantidade de sons não ultrapasse a trinta. Parece pouco? Mas a língua não se esgota em sua estrutura. Para termos uma noção do universo linguístico devemos considerar seu uso, seu funcionamento social e cultural. Afinal, a língua representa nossa realidade e nossa subjetividade. Dizemos o que somos, conseguimos nos descrever, opinar… Somos também como dizemos isso. Possuímos marcas linguísticas individuais e as que marcam nossa comunidade, nossa escolaridade, nossa cultura.

As línguas se multiplicam em inúmeras variedades geográficas, sociais e estilísticas. Nenhum sistema linguístico é uniforme e estanque. As diferenças no Brasil, por exemplo, são enormes, a ponto de causar dificuldade de compreensão, principalmente no significado de expressões entre regiões. Mesmo em países com dimensões geográficas menores, como a Espanha, mas culturalmente diverso, fruto de sua história. Possui comunidades autônomas, outras línguas e dialetos incríveis!

A verdade é que mesmo numa única comunidade ninguém fala e escreve igual.

Há vários recursos como a ironia, uso figurado, metáforas, comparações… Que dentro de um determinado contexto todo o sentido pode ser alterado. É uma variação “além dialetal”.

Impossível capturar todas as formas possíveis de combinações. Seria preciso prever o pensamento, os sentimentos e a intenção das pessoas. A língua dá forma a nossa realidade, nossa subjetividade e significa o mundo para nós em situações de interação - impensáveis.

Ao abraçar nossas necessidades neste espaço, se tornando um sistema complexo, o encontro de variedades provoca mudanças na estrutura da língua. As diferentes maneiras de expressar se reconfiguram em novas regras. (Isso. Aquelas regras) Ou seja, nem a língua padrão escapa da mudança. Seu estudo deveria ser indissociável do sentido e da intenção de comunicação. Além disso, é imprescindível que exista para se manter uma relativa unidade diante das variações.

A dimensão sociocultural e gramatical da língua possuem seus respectivos enfoques e importâncias. A questão é que, muitas vezes, o hábito de criticar os falares alheios considera a íngua de modo inflexível e rígido. Existe o que é convencionalmente adequado para determinadas situações de fala e escrita. A língua é bela e flexível. Mas não é tarefa simples.

Abraço!


 Ana Valeria Carvalheira
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Apaixonada por letras, pessoas e café! 



Referência: A estrutura da língua portuguesa - por Carlos Faraco.
Fonte imagem: http://www.anteloeduca.com.br/blog/category/ead/