De
um número de códigos, regras gramaticais, palavras e sons finitos
da língua, produzimos infinitas formas de enunciados . Calcula-se
que o português do Brasil possua algo em torno de meio milhão de
palavras e que a quantidade de sons não ultrapasse a trinta. Parece
pouco? Mas a língua não se esgota em sua estrutura. Para termos uma
noção do universo linguístico devemos considerar seu uso, seu
funcionamento social e cultural. Afinal, a língua representa nossa
realidade e nossa subjetividade. Dizemos o que somos, conseguimos nos
descrever, opinar… Somos também como dizemos isso. Possuímos
marcas linguísticas individuais e as que marcam nossa comunidade,
nossa escolaridade, nossa cultura.
As
línguas se multiplicam em inúmeras variedades geográficas, sociais
e estilísticas. Nenhum sistema linguístico é uniforme e estanque.
As diferenças no Brasil, por exemplo, são enormes, a ponto de
causar dificuldade de compreensão, principalmente no significado de
expressões entre regiões. Mesmo em países com dimensões
geográficas menores, como a Espanha, mas culturalmente diverso,
fruto de sua história. Possui comunidades autônomas, outras línguas e dialetos
incríveis!
A
verdade é que mesmo numa única comunidade ninguém
fala e escreve igual.
Há
vários recursos como a ironia, uso figurado, metáforas,
comparações… Que dentro de um determinado contexto todo o sentido
pode ser alterado. É uma variação “além dialetal”.
Impossível
capturar todas as formas possíveis de combinações. Seria preciso
prever o pensamento, os sentimentos e a intenção das pessoas. A
língua dá forma a nossa realidade, nossa subjetividade e
significa o mundo para nós em situações de interação
- impensáveis.
Ao
abraçar nossas necessidades neste espaço, se tornando um sistema
complexo, o encontro de variedades provoca mudanças na estrutura da
língua. As diferentes maneiras de expressar se reconfiguram em novas
regras. (Isso. Aquelas regras) Ou seja, nem a língua padrão escapa da mudança. Seu estudo
deveria ser indissociável do sentido e da intenção de comunicação. Além disso, é imprescindível que exista para se manter uma relativa unidade diante das
variações.
A
dimensão sociocultural e gramatical da língua possuem seus
respectivos enfoques e importâncias. A questão é que, muitas
vezes, o hábito de criticar os falares alheios considera a íngua de
modo inflexível e rígido. Existe o que é convencionalmente
adequado para determinadas situações de fala e escrita. A língua é bela e
flexível. Mas não é tarefa simples.
Abraço!
Ana Valeria Carvalheira
-----------------------------------------------
Apaixonada por letras, pessoas e café!
Referência: A estrutura da língua portuguesa - por Carlos Faraco.
Fonte imagem: http://www.anteloeduca.com.br/blog/category/ead/