quinta-feira, 31 de março de 2016

A imagem da poesia concreta

O concretismo ensinou que o mundo pode ser representado por imagens. Neste caso, a poesia é um signo visual e verbal (as vezes sonoro). A linguagem verbal é um conjunto de signos arbitrários – sua correspondência é aprendida, não faz “sentido” sozinho - e que a escrita, então, pode ser uma forma de desenho.
Os dizeres do poema, excluindo o visual ficaria assim: “poesia absurdamente concretamente”. Mas sem o recurso visual empregado pelo autor que faz toda a diferença na interpretação.
Na poesia como imagem (ver link) ele evidencia, através da forma, as palavras “surda” e “mente”: "poesia ab surda mente concreta mente". Dando novos sentidos ao texto. A palavra “mente”, inclusive, parece adquirir o sentido de “mentir” e de “cabeça” ou “pensamento”.
É um texto literário, porque possui características de literariedade e depende da forma para cumprir seu papel. É verbal e não verbal porque se tirarmos a disposição das palavras o poema vai perder sua forma literária. Não terá o mesmo sentido proposto pela “imagem”.
Parece um jogo que precisa de treino para ser lido por pessoa com pouca habilidade de leitura.

Fonte imagem: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/ce/d0/21/ced021d68a05273f0cd8de8337c0509b.jpg

quinta-feira, 3 de março de 2016

INTERPRETAÇÃO

Interpretar 
Semântica é o estudo do significado das palavras, seus componentes, expressões e construções de frase, e as mudanças de sentido conforme o contexto.

É importante estar atento a textos que intencionalmente tiram proveito do fato de as palavras terem mais de um sentido. Figuras de palavras, principalmente metáfora e metonímia, são recursos originariamente literários que colaboram para a construção do sentido global de um texto.

É preciso atenção redobrada para os expedientes responsáveis pelos sentidos implícitos. O cartum ao lado, de Quino (Mafalda 2. São Paulo: Martins Fontes, 2002), tira proveito da polissemia de "veículo" para produzir efeito cômico e crítico. No quadrinho 1, o duplo sentido do substantivo "veículo" permite que, inicialmente, na fala do garoto, ele tenha o sentido de "mídia", recurso para transmissão da cultura. No quadrinho 3, na fala de Mafalda, a palavra é interpretada com o sentido de "meio de locomoção". Ao recomendar que a cultura dispense esse meio em favor da locomoção a pé, o texto sugere que a programação televisiva, tomada pela violência, em vez de estar a serviço da cultura, propagaria a barbárie.

matéria originalmente publicada por:
http://revistalingua.com.br/

RETRATO - CECÍLIA MEIRELES

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?